quinta-feira, 10 de novembro de 2011

CIDADE LIMPA-EU APÓIO ! - Só o básico,já não basta

A COHAB,Conjunto Pedro I em nome oficial,em Realengo não é mesmo um local fácil para a limpeza urbana.
Aonde os moradores dos prédios botariam entulhos para a COMLURB vir buscar ? Na garagem compartilhada com outros moradores ? já viu a confusão que ia dar...
Só há um lugar mesmo-nas calçadas.
Não absolvendo os moradores que deveriam no mesmo momento agendar a retirada de entulho com a COMLURB,porém há uma série de complicações práticas.Complicações que não advém das COMLURB Realengo e Jardim Novo,mais do modo que se tratam os "entulhos"na política de limpeza urbana da prefeitura.
Primeiro a exigência de ensacar-como ensacar,por exemplo,um sofá ou uma poda de árvores do modo que a COMLURB solicita ? E entulho de obra,então ?
Sequer pode-se pôr o entulho na calçada-que guarde-se o entulho na residência até a COMLURB vir buscar,por que pôr na calçada é transgredir a lei...
Residência "leia-se" na COHAB é dentro do apartamento,ou no corredor ; ou em outras áereas compartilhadas.
Imagina-se aguardar até a COMLURB vir buscar o entulho da obra da sala-de-estar...na sala-de-estar ! Só com isso,não vai se completar obra nenhuma em sala-de-estar...e este é o mínimo transtorno.
Todo o ano,nesta época,e em 2.011 mais cedo e com mais vigor graças a melhora da renda ; as obras começaram mais cedo,foram de maior porte e deste modo geraram mais entulho...que ficaram nas calçadas,causando transtornos e degradando a paisagem.
Como pessoa que gera entulho,liga para a COMLURB e sabe do esforço,mais também das dificuldades e que acompanhou obras nos prédios ; vejo que os moradores sugerem que a COMLURB tenha um serviço de caçambas para que este entulho seja depositado,há porém o complicador do local virar um fóco de mais e mais entulho...de todo modo,a COMLURB não oferece o serviço e não adianta que quem faz obras,reformas e construção com dificuldades ,orçamento apertado,não tem como pensar o aluguel de uma caçamba como algo essencial,sob raras e felizes exceções.
É muito triste ver pilhas de entulho em lugares emblemáticos como a frente de escolas públicas,sendo as escolas municipais Átila Nunes,a Stela Guerra Duval e a Professor Afonso Henrique Saldanha as mais recorrentes ; ou ainda a frente da Fundação Leão XIII ou a frente da Paróquia Sagrada Família.
É preciso mais entendimento aqui na COHAB,obras causam transtorno,mais são benéficas ao bem-estar geral.
As pessoas ainda trocam móveis,eletrodomésticos e eletroeletrônicos e jogam fora oque não lhes serve e não conseguem quem os queira nos entulhos,e tudo isso acumula nesta época de fim de ano.
É impossível continuar neste rumo !
A renda aumenta,o lixo aumenta.
Só o básico,já não basta.Não basta pôr entulho nas calçadas,como não bastam os serviços de limpeza urbana continuarem a agir como se este fenômeno não existisse.
As caçambas não vão virar "pólos de entulho"se forem recolhidas ao menos 2 vezes por semana,os "pólos de entulho"já existem e aumentam-são as calçadas.E os prédios que fazem obras teriam o dever moral de pedir,aceitar e estimular o uso das caçambas e evitar que a COHAB tenha suas calçadas tomadas por lixo.
A COHAB não tem "quintal ",é sob essa especificidade que deve se pensar a limpeza urbana nesta região de Realengo.

* As fotos são do dia 26/10/11,um dia após o recolhimento usual de lixo na região.




terça-feira, 18 de outubro de 2011

De passo em passo-Realengo

De onde saímos ?do"Inferno Colorido",recortes de gangues que disputavam o tráfico e pequenos delitos,a hegemonia dos Castor de Andrade e de Celsinho da Vila Vintém que "organizaram o ilegal",aos grupos de "auto-defesa",hoje enfim,com uma maturidade de nossa Associação Comercial e grupos da população buscando o estado e práticas legais.
Foi uma longa caminhada e conexa a história do bairro.Do superpovoamento e ao abandono,a "organização eugênica"da ditadura,aos políticos que vivem de politicagem a hoje praticamente dois pólos unidos por Realengo,mais contrários entre si que conjungam um tipo de "socialismo cristão"ainda em formação e evoluindo,apesar de carregar vícios das práticas passadas;a uma "consiência cidadã"que congrega o comércio e os serviços do Centro do bairro com demandas de associações de moradores em lutar por dias melhores.
O papel militar é sempre de grande importância e vem avançando rumo a conciliação com seu entorno e ajudando seu desenvolvimento.
O papel das igrejas não pode deixar de ser mencionado,principalmente como um instrumento de apaziguamento e geração de consensos e lideranças que cada qual a seu modo prestaram inestimável contribuição para os avanços alcançados.
E hoje vem a presença maior dos serviços públicos.
Entre altos e baixos,Realengo avança e como demonstra sua história cada evolução é inevitável.Não há quem queira a volta da violência e do clientelismo barato no bairro.
Um processo de ideologização interessante está a se passar,como sempre deixará atropelos e pancadas,mais culminando em nossa integração com o termo"cidadania"que vem se fazendo vislumbrar.
Somos adolescentes,bem próximos a maturidade.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TODOS CONTRA "ESTES"

Quando que as facções criminosas no Rio de Janeiro perceberão que o modo que atuaram até hoje chegou ao fim,que não tem mais apoio popular,que se existiu qualquer vestígio de ideologia,ele foi sucumbido pela"corrida do pó",pelo domínio na venda de drogas e que sua territorialidade chega ao fim como símbolo do fim de seus antigos preceitos comunitários ? E logo os grupos milicianos,embora com modo de atuação mais diferenciado e mais apto a realidade atual também perderão seu sentido.Afinal pra que aturar milícias com o enfraquecimento do tráfico e a opção das UPP´s e dos postos de polícia comunitária ?
Triste fim não só do Comando Vermelho,mais também das demais facções como a Amigos dos Amigos(ADA).Os rivais uniram-se contra o poder público.E a entrada do ADA é também o receio dos milicianos:sem tráfico eles não sobrevivem,pois só existem como justificativa de combate ao mesmo.O ADA com acordos com alguns grupos milicianos são prenúncio de que o poder público também mira o poder das milícias e age como força de frente para camuflar o apoio de grupos milicianos a facções criminosas,pois sem elas,também acaba.
No fim tudo se tornará máfias sem domínio efetivo territorial,com múltiplos "negócios"e no máximo "influências regionais".
Mais podem perguntar-não seria o início de ofensivas no Rio,como as do PCC em São Paulo ?
Pode até ser provavelmente,mais com o PRONASCI todos perderão domínio territorial como tem hoje e com isso perdem força para ataques do tipo.
Um "novo crime"está a surgir,se mais ou menos perigoso que o de hoje,só o futuro dirá,mais sem domínio despódico e força armada sobre comunidades.

A CRISE É DELES,NÃO NOSSA




Quem observa as ações criminosas que assolam o Rio de Janeiro provavelmente achará que mais uma vez o poder público é refém da marginalidade.Ledo engano.
Na verdade estamos assistindo os últimos suspiros daquilo que se chama Comando Vermelho.As ações ousadas,são fruto da perda de apoio social nas comunidades e de territórios e domínios e mesmo de influência pela presença do estado aonde antes era ausente e os traficantes do Comando agiam como o estado de fato.
Não mais.
O Governo Lula através do PRONASCI e a parceria com governadores como o do Rio de Janeiro Sérgio Cabral começou a ruir os domínios do Comando,eliminando ou isolando suas lideranças e com ações sociais levando o estado aonde ele deve estar.A plataforma de combate ao crack e clínicas específicas no programa de Dilma Rousseff vem bater no que faltava : o mercado;ou seja,os usuários.
O Comando Vermelho que nasceu com respaldo das comunidades em que se estabeleceu,frutos de lutas ideológicas contra as injustiças e a ditadura de 64,foi aos poucos caindo no lago comum do comércio de drogas como fim e não como estratégia,foi perdendo legitimidade popular passando a dominar pelo terror ao invés da antiga cooperação com as comunidades.Sob uma ou outra exceção,o Comando Vermelho tornou-se uma potência do tráfico em vez de uma força de transformação social como pensado a princípio.
Não á toa foi se fragmentando e perdendo poder.
A queda do Comando Vermelho,é gradual e por mais que critiquem vem de longo prazo tendo maior força na gestão Leonel Brizola,como governador do Rio que com políticas sociais drenou apoio popular ao Comando e não o contrário como se apregoava.Bem ou mal,o Governo Garotinho-Rosinha reforçou esta tendência.O Governo Cabral com o PRONASCI junto com a perda de apoio popular do própio Comando é o auge de sua queda que é clara e iminente.
Uma facção que contava com jovens que morriam por acreditar que o Comando ajudava sua comunidade,hoje são coagidos,drogados ou mercenários por espírito.Hoje o que tem o Comando Vermelho?-Mercado,ou seja usuários de drogas que os dão capital para que se armem e assim por terror continuam a manter comunidades reféns.
AS UPP´s já mostraram-os populares não se mobilizam em defesa do Comando,ao contrário,felicitam por terem se livrado deles.
Em termos de armas,logística e dinheiro,o Estado tem bem mais que o Comando.Em termos de legitimidade e apoio popular,hoje também ganha disparado.
Após a perda que sofreu em mãos de milicianos,hoje o Comando Vermelho é o alvo principal do Estado,não à toa as UPP´s deram prioridade as centrais da facção e tb por ser a maior facção do tráfico no Rio também é especialmente visada.Mais as UPP´s precisam do apoio da população local para se manter e tem conseguido por que o Comando a perdeu.Oque vemos hoje é a única opção que restou ao Comando Vermelho-o Terror,resistir pelas armas,pois por ideologia e apoio das comunidades perdeu.É esta "sombra"de Comando Vermelho que se pusemos a combater,uma organização decadente que só tem isto a oferecer-Terror pelo domínio territorial de bocas de fumo,pois o povo local eles já esqueceram faz tempo,o problema deles é que há tempos o povo local também esqueceu o que um dia eles já representaram.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Aborto e presidenciáveis

PAU QUE BATE EM CHICO TEM QUE BATER EM FRANCISCO !
Marina recebeu muitos votos por causa da campanha que disse que Dilma era a favor do aborto.
O único candidato a presidente nestas eleições que já assinou medidas para
fazer abortos foi José Serra (PSDB), quando foi Ministro da Saúde, em 1998.
Ele assinou norma técnica para o SUS (Sistema Único de Saúde), ordenando regras
para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez.
A íntegra da norma pode ser lida aqui: http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

POSICIONAMENTO DO PASTOR PASCOAL PIRAGINE-RESPOSTA
http://www.youtube.com/watch?v=vYSFFGN5GO0

#Dutra: “Questão do aborto nunca esteve no programa”#
Alguns veículos de comunicação divulgaram hoje notícias equivocadas afirmando que o Partido dos Trabalhadores estuda tirar o tema do aborto do programa de governo de Dilma Rousseff. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, disse que essa informação não tem qualquer fundamento: “A questão de aborto nunca esteve no programa de governo da Dilma, portanto não faz sentido você dizer que vai retirar uma coisa que não existiu”.
Dutra explicou que Dilma tem exposto claramente sua posição em relação ao tema. “Ela é pessoalmente contra o aborto e não vai propor nenhuma modificação na legislação relativa a isso.”
Segundo o presidente do PT, o Estado brasileiro tem que prestar assistência às mulheres. Dados do Ministério da Saúde revelam que, no ano passado, cerca de 200 mil mulheres precisaram fazer curetagem de emergência após um procedimento de aborto.
Por meio do Ministério da Saúde, o governo defende uma política para evitar práticas abortivas, como a distribuição de métodos contraceptivos. O Sistema Único de Saúde (SUS) trabalha para preservar a vida das vítimas. No ano passado, o governo investiu R$ 35 milhões nessas políticas e, em 2010, prevê o gasto de R$ 50 milhões.
Fonte:http://www.dilma13.com.br/noticias/entry/dutra-questaeo-do-aborto-nunca-esteve-no-programa/

ENCONTRO DE DILMA COM LÍDERES CRISTÃOS
http://www.youtube.com/watch?v=8CXgM8zTcsQ

PE.LÉO DESMASCARA JOSÉ SERRA QUANTO AO ABORTO
http://www.youtube.com/watch?v=EdNJwnN_vV0

Bem,caros amigos,quando Dilma e Serra falam que "são contra o aborto",falam de posições pessoais,parece que com a pressão de grupos religiosos tanto Dilma quanto Serra disseram que não vão propor mudanças na atual legislação,ou seja,não vão atuar pela descriminalização do aborto.
Pessoalmente,eu lamento,porém tal ato não está mesmo na alçada de nenhum presidente.
É no Senado que se dará o veredicto sobre esta lei.

Se alguém lhe disser que um Presidente pode fazer uma lei ou portaria pela descriminalização do aborto,simples assim É PURA MENTIRA!!!
Mais há uma novidade na câmara federal:
O deputado Hugo Leal (PSC),representante da Frente parlamentar em defesa da vida participou da reunião da Comissão de Seguridade social e Família que rejeitou a PL 1135/91 que descriminalizava o aborto provocado pela própia gestante ou com seu consentimento.
Hugo Leal informou que a Câmara está trabalhando no projeto do Estatuto do Nasciturno e na viabilização de investimentos na política pública de saúde.

A lei da descriminalização seria justamente para o estado ter acesso as mulheres que tentem abortar e ofereça políticas públicas que os desestimule,mais caso a mulher for mesmo abortar,que aborte num período em que o feto não está formado,quando o sistema nervoso e atividade cerebral ainda inexiste e trazer a mulher para programas de planejamento familiar.
Se não as mulheres continuarão abortando as escondidas,sejam em clínicas clandestinas,seja com cházinhos ou agulhas de crochê e num período errado aonde muitas vezes o feto já formou-se.
Para que mulheres que abortaram não morram tb,por não procurarem um hospital público com receio de serem presas.
Claro que não se é a favor do aborto,mais o estado só tem duas saídas-Regulamentar(descriminalizar e adotar regras) ou prender quem aborta.Prender quem aborta não adiantou até hoje e fez o estado ficar ainda mais distante das mulheres que pretendem abortar.
Bem...da Dilma ter dito que nem "Cristo me tira esta vitória",está aqui a negativa,agora aonde está o material que comprove que ela REALMENTE disse isto?
Declarações de Dilma sobre Jesus Cristo – mais um email falso http://migre.me/1pg2F

DILMA NEGA TER DITO QUE NEM JESUS A DERROTARIA
http://www.youtube.com/watch?v=WiPXPgKGNuk

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

As diferenças entre PT e PSDB são irredutíveis-2

O social
a) No governo FHC
Sob o governo tucano, as políticas sociais converteram-se em instrumento da introdução da racionalidade mercantil na esfera pública — um cavalo de Tróia para entronizar o mercado no lugar do Estado. Ao priorizar os direitos individuais sobre os sociais (concepção de igualdade jurídica dos liberais), os tucanos introjetaram nas funções públicas os valores e critérios do mercado (a eficiência como critério básico; todos devem pagar pelo que recebem; os órgãos descentralizados devem concorrer pelos recursos públicos com base na eficiência da prestação de serviços segundo indicadores uniformes etc.).
No governo FHC, as redes de seguro social foram desmanteladas, em seu estágio historicamente incipiente, e passaram a constituir um resíduo de solidariedade pública à benemerência privada para com os miseráveis.
Um caso exemplar de (ausência) de política social nesse período foi a orientação imprimida à educação, que foi despolitizada como prática social e reduzida ao adestramento para o mercado. Nessa condição, o prioritário são os meios para atualizar rapidamente o conhecimento, visando ao treinamento, a familiaridade com a tecnologia do quotidiano. A formação voltada para a elevação da condição humana do cidadão não compensa face aos parâmetros da avaliação de custo-benefício ditados pelo mercado.
Rezando pela cartilha do Banco Mundial, o governo do PSDB privatizou o ensino técnico e promoveu renúncia fiscal para ampliar a participação do setor privado no ensino de graduação, um dos mais rentáveis.


b) No governo Lula


Principal marca distintiva do governo, as políticas sociais são para Lula um instrumento de transformação social. É dever do Estado proporcionar serviços sociais como educação, saúde e previdência.
Com Lula, as políticas sociais são uma resposta ao crescente descrédito da democracia representativa como mecanismo eficaz de agregação de interesses e resolução de conflitos. Contribuem, ainda, para a governabilidade, vez que removem a desconfiança da população nas autoridades em razão de sua promiscuidade com os interesses das elites e dos grandes grupos econômicos.
As políticas sociais levam a um novo tipo de relação entre Estado e sociedade, que se caracteriza por atender conjuntamente aos princípios do reconhecimento, da participação e da redistribuição. Investidas do papel de transformadoras das relações de poder e das práticas administrativas correspondentes, as políticas sociais do governo Lula debilitam as velhas estruturas de poder – sobretudo nos grotões e nas periferias urbanas — onde imperam a centralidade, a iniqüidade e a exclusão.
Ao contrário do governo FHC, que tratou a educação como mercadoria, sob Lula o Estado reassume a responsabilidade pela orientação da educação integral (profissional e humana). Recupera a crença na possibilidade de educação plena dos seres humanos, restabelece a confiança na influência de instituições sobre a conduta humana e prioriza os direitos e necessidades sociais diante dos direitos individuais.
Sua principal diretriz: realçar o sentido da educação como prática social, como campo de luta ideológica, para socializar o ser humano, sujeito e objeto da democracia participativa.
Desdobramento desta política é a ênfase inédita na universalização da educação em todos os níveis, um amplo programa de investimentos para a melhoria da qualidade do ensino e a extensão da rede de escolas técnicas públicas, que haviam sido entregues aos cuidados do mercado por FHC.

É desnecessário prosseguir. PT e PSDB nada têm em comum na sua doutrina e na sua prática política. A estrela vermelha do PT tem cinco pontas (não bicos) e em nada se assemelha a essa ave predadora da família dos ranfastídeos, que voa baixo e vive pulando de galho em galho...


Rui Falcão é advogado e jornalista e deputado estadual do PT-SP.

As diferenças entre PT e PSDB são irredutíveis

1. O papel e a ação do Estado
a) Sob o governo FHC
De forma muito resumida, o modelo tucano na chamada era FHC, que deveria durar pelo menos 20 anos nas expectativas do ex-ministro Sérgio Motta, restringiu o papel do Estado a garantir a liberdade econômica (leia-se inexistência de entraves à acumulação do capital) e individual, a limitar a igualdade à igualdade jurídica e a prover serviços de educação aos mais pobres com vistas a aliviar os efeitos negativos da divisão social do trabalho. Seus postulados mais gerais supõem o mercado como única democracia autêntica e encaram a sociedade não como existente tal qual é, mas como um conjunto de indivíduos, abstraídos de seu contexto político e social.
Como decorrência, ou corolário dessas premissas, qualquer interferência do governo no mercado fere a liberdade econômica e individual, criando obstáculos ao progresso econômico e social dos cidadãos. Os conflitos sociais são reduzidos à mera expressão das disfunções na alocação de recursos, que são corrigidas espontaneamente pelo mercado tão logo o governo remova as barreiras erguidas pelo Estado ao exercício da livre concorrência. Por não aceitarem a existência da luta de classes e a existência de interesses díspares na sociedade, a liberdade significa, para eles, apenas uma suposta renovação recorrente da ordem natural, expressa no equilíbrio espontâneo de interesses operantes no mercado.
Sob FHC, as políticas do Estado brasileiro permaneceram subordinadas às orientações do chamado Consenso de Washington e sempre dependentes das regras estabelecidas pelo FMI, Banco Mundial e outros organismos multilaterais do exterior.

Nos oito anos do tucanato, o Estado entregou à iniciativa privada não só a produção de bens e serviços, mas também a liderança de todo o processo de desenvolvimento econômico.
Reduzido a provedor subsidiário de funções públicas clássicas, como educação para os desafortunados, saúde, administração da justiça e segurança, o Estado debilitou-se sob o comando tucano, expondo-se à sua apropriação pela iniciativa privada. Para isso contribuiu de modo especial o recurso às teorias organizacionais privadas — antes restritas ao interior das empresas e aos muros das fábricas —, que se converteram com FHC nas teorias políticas do Estado moderno.
Em síntese, com os tucanos, o Estado do bem-estar social dá lugar ao Estado regulador, que carrega em si a racionalidade empresarial das corporações transnacionais. A privatização das funções do Estado provoca uma transformação no aparelho de Estado, que, de planejador e indutor do desenvolvimento, desde a década de 1930, passa na década de 1990 a agenciador da acumulação e reprodução do capital.
A adoção do neoliberalismo no País, embora renegado no discurso tucano, provocou conseqüências econômicas e sociais devastadoras. A enumeração é cansativa, porém vale a pena rememorar:
1. aumento sem precedentes da carga tributária, que passou dos 20-22% do PIB, no final dos anos 80 para 36,45% do PIB, em 2002;
2. privatização de setores estratégicos, como energia, transportes e telecomunicações;
3. políticas monetárias e fiscais conservadoras, desacompanhadas de políticas sociais compensatórias (darwinismo social);
4. ampliação da abertura dos setores saúde e educação ao mundo empresarial;
5. abertura comercial e financeira ao capital estrangeiro;
6. privataria da Vale do Rio Doce, vendida por R$ 3, 338 bilhões, ou seja, por um valor quase 100 vezes menor do que o atual;
7. quadruplicação da dívida pública líquida total, que passou de R$ 208,4 bilhões em dezembro de 1995 para R$ 881,1 bilhões em dezembro de 2002, não obstante a transferência para o setor privado de importante fatia do patrimônio público, de US$ 105 bilhões (câmbio vigente durante o período de paridade cambial);
8. elevação da dívida de 29,9% para 55,9% do PIB;
9. quase triplicação da dívida pública externa, de 5,5% para 14,5% do PIB;
10. pífia taxa média anual de crescimento do PIB, da ordem de 2,3%;
11. duplicação da taxa média de desemprego aberto, de 3,1% da força de trabalho no período 1986-89 para 7,1% entre 1998-2002 (demissão de 2 milhões de trabalhadores);
12. insegurança individual e coletiva, diante do aumento da violência e da expansão do crime organizado;
13. avanços marginais na redução da mortalidade infantil e do analfabetismo (ao final de 8 anos de FHC, 40 milhões de pessoas abaixo da linha pobreza e 34,6 milhões de analfabetos funcionais; mortalidade de 30 crianças em cada 1000 por ano, antes de completar um ano de idade);
14. estabilidade monetária gravemente abalada a partir de janeiro de 1999, com o refluxo dos capitais (crise financeira internacional e subseqüente desvalorização do câmbio);
15. paralisia dos investimentos privados.



b) Sob o governo Lula[/]
Por acreditar em que o papel do Estado é o de promover a igualdade e assegurar a liberdade, o governo Lula retomou as iniciativas de planejamento e de projetos capazes de induzir a retomada do desenvolvimento. E, ao fazê-lo, incorporou a população, através de seus vários segmentos representativos, nos processos de decisão – um impulso decisivo para o fortalecimento da democracia participativa no País.
Graças a uma política centrada na retomada do investimento do setor público (da qual o PAC é expressão mais acabada), na geração de empregos, no fortalecimento do mercado interno, na diversificação dos parceiros comerciais, na distribuição de renda, na redução das desigualdades sociais,

o Brasil retomou o caminho do desenvolvimento, agora sustentável e mais resistente a crises externas, como a que sacode a economia dos Estados Unidos atualmente.
Eis alguns exemplos, na questão do Estado, da nova postura adotada pelo governo petista:
1. suspensão do programa de privatização das estatais estratégicas;
2. mobilização da capacidade de investimento das empresas estatais sobreviventes (Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste, Eletrobrás e outras) para a reorganização do Estado e para o funcionamento da economia;
3. fortalecimento dos setores estratégicos, incluída a indústria da defesa;
4. recuperação da vocação do BNDES como banco de fomento;
5. ampliação do quadro de servidores públicos;
6. eliminação da dívida externa;
7. controle da expansão da dívida interna (redução como proporção do PIB);
8. acúmulo inédito de reservas (condição externa credora pela primeira vez na história, o que reduz sobremaneira a vulnerabilidade do País);
9. obtenção do chamado grau de investimento pelas agências de rating, que torna o Brasil mais atrativo para os investimentos estrangeiros; redução da libor (componente da taxa internacional de juros);
10. vigorosa retomada do crescimento econômico;
11. fortalecimento dos processos indutores do desenvolvimento sustentável;
12. vertiginoso processo de expansão do mercado interno;
13. índices elevados de redução da pobreza e de aumento da distribuição da renda.
Política externa

a) Com FHC, a diplomacia da submissão
Uma política externa de integração subordinada, de rendição à ordem unipolar e à chamada “globalização assimétrica” — assim pode ser resumida a postura do governo FHC no contexto das relações entre as nações. Pessimista (“País atrasado em relação ao mundo”), deliberadamente passiva ante as investidas das supostas forças do mercado e de portas do País escancaradas à livre circulação de capitais, à especulação financeira internacional e à desnacionalização da economia – eis as linhas que marcaram a diplomacia sob orientação tucana.
Tal política conduziu à abdicação do papel do Brasil como protagonista na construção de um novo sistema político internacional multipolar. Assim é que a ação diplomática do Itamaraty foi circunscrita à negociação das regras do comércio internacional nos organismos multilaterais tipo OMC. Com a renúncia ao papel do Brasil como protagonista-nação, desenvolveu-se uma espécie de diplomacia presidencial, restando-lhe como função a busca de prestígio nacional secundário na figura do chefe de Estado, encarnado no presidente-PhD poliglota.
Confinado a atividades técnico-burocráticas, o Itamaraty teve delegadas a elaboração e a execução da política exterior para o Ministério da Fazenda, tendo como autor o ministro Pedro Malan, intimamente identificado com o programa do FMI, do Banco Mundial e do Consenso de Washington. Como já dito anteriormente, a ausência de uma estratégia de resistência e afirmação no contexto internacional acarretou uma abertura indiscriminada do mercado brasileiro à especulação financeira internacional, com as seqüelas conhecidas de desnacionalização e privatização de setores estratégicos para o desenvolvimento.

b) Com Lula, uma integração altiva e ativa
Diferentemente de seu antecessor, o governo Lula adotou uma postura ativa e pragmática em matéria de política externa. Restabeleceu a dimensão política na ação diplomática, não dissociada das dimensões econômica e social. Uma diplomacia realista engendra um campo de reafirmação dos interesses nacionais e de protagonismo nas relações internacionais, encerrando a época FHC de estagnação e esvaziamento.
Logo de início, o Itamaraty entabulou alianças fora do hemisfério, a fim de expandir a influência do Brasil no âmbito internacional. Em um mesmo movimento, priorizou a reconstrução do Mercosul e a integração da América do Sul, com vistas a reverter a sua marginalização, garantir a governabilidade e lastrear o desenvolvimento regional, além de fortalecê-la e ao Brasil, em especial, nas negociações internacionais. Orientado pelo mesmo objetivo, o governo Lula estreitou os vínculos diplomáticos e ampliou parcerias e relações comerciais com a África, sem descuidar, naturalmente, de ensaiar parcerias estratégicas com potências emergentes como China, Índia, Rússia e África do Sul.
Esse conjunto de iniciativas, que persegue o estabelecimento de um sistema internacional multipolar, regido por princípios democráticos, não somente contribuiu para reduzir o desequilíbrio nas relações com as grandes potências, como também conferiu ao Brasil maior poder de barganha, proporcional ao seu peso internacional.
A nova política exterior foi também valorizada pela inserção da dimensão social nas negociações internacionais — uma extensão natural das políticas internas do governo Lula. Pois as propostas sociais de Lula vão ao encontro da nova agenda internacional, que busca corrigir as distorções criadas pela globalização, até então limitada a questões de liberalização do comércio e dos investimentos. Lembre-se que a ascensão de Lula ao poder, legitimada por esmagadora maioria votos, deu ensejo às iniciativas para a criação da nova agenda.
Em tudo oposto a FHC, que lançou o País no torvelinho da crise neoliberal e ao desprestígio internacional, o projeto interno do governo Lula respalda as ações da diplomacia e tem um forte impacto internacional, assim como, inversamente, as ações da diplomacia visam ao fortalecimento da estratégia de desenvolvimento nacional sustentável.
A campanha de combate à fome, por exemplo, representa o elemento simbólico que acena para a construção de um projeto nacional, de reverberação ao mesmo tempo universal, em resposta à crise da globalização neoliberal. Iniciativas como a revalorização do mercado doméstico e da capacidade de poupança interna consubstanciam uma estratégia de fortalecimento nacional e de uma presença internacional robusta e qualificada. As políticas sociais, energética, urbana, fundiária e industrial do governo Lula conformam uma vontade política nesse sentido.
Paralelamente, o carisma do presidente sintetiza em sua figura franca e simples as características que o mundo admira no Brasil. Isso tem propiciado a Lula desenvolver mais facilmente uma intensa agenda internacional como porta-voz desse projeto.
O Brasil sob o governo Lula atua com otimismo e vontade política, criando constantemente fatos na área internacional. Em contraste, com FHC o País sofria de baixa auto-estima, pois os governos Collor e FHC rendiam-se a uma visão de país atrasado, submisso aos constrangimentos neoliberais demandados pelos países ricos.
Atualmente, ao contrário, o País se considera como um protagonista de mesmo nível, com capacidade de negociação e portador de um projeto nacional que pode contribuir para fortalecer a inserção da agenda social na globalização, em proveito da comunidade das nações. Em lugar de discursos lamurientos sobre o atavismo do atraso brasileiro (Collor e FHC), eivados de uma obediência militante, o Brasil busca agora na ação diplomática apoiar por todos os meios ao seu alcance a realização do projeto nacional.