sábado, 20 de junho de 2009

Por que os E.U.A se inquietam



A administração Obama mostra sua face no golpe no Irã contra o presidente Ahmadinejad e na "proposta"de ajuda pela "liberdade"na Venezuela e na Bolívia.Numa crise econômica,moral e política os E.U.A voltam a ofensiva,embora mais discretos,principalmente receosos da união entre as grandes economias emergentes-os BRIC e a SCO(Cooperação de Xangai).

Países do Bric cobram mais poder nas instituições internacionais
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/06/17/paises+do+bric+cobram+mais+poder+nas+instituicoes+internacionais+6782916.html


As quatro maiores economias emergentes, Brasil, Rússia, Índia e China (os Brics), vão atuar de forma coordenada na reforma do sistema financeiro e exigem mais poderes para os países em desenvolvimento nas instituições financeiras internacionais e na Organização das Nações Unidas (ONU). A decisão foi tomada na noite de ontem, ao término da primeira cúpula dos Brics, em Ecaterimburgo, na Rússia.
O objetivo da estratégia é reforçar a posição dos quatro países, em especial para a próxima reunião do G-20 (grupo dos 20 países mais industrializados), marcada para Pittsburgh, nos Estados Unidos, em setembro. Antes, será aplicada no encontro dos sete países mais ricos e a Rússia (G-8), no mês que vem, na Itália.

O anúncio da cooperação foi formalizado na declaração oficial do evento e reafirmado em entrevistas dos líderes políticos do bloco. O texto, com 16 itens, é conclusivo sobre as pretensões dos Brics em relação aos parceiros industrializados. "As economias emergentes e em desenvolvimento devem ter mais voz e representação nas instituições financeiras internacionais e seus líderes e diretores devem ser designados por meio de processos seletivos abertos, transparentes e baseados no mérito."

Nos demais tópicos, os Brics pedem uma arquitetura econômica amparada na democracia, em bases sólidas e reguladas e clamam pela reabertura das negociações da Rodada Doha. Pedem, ainda, apoio aos países pobres e o suporte às energias renováveis. Em declaração anexa sobre segurança alimentar, os Brics defenderam a transferência de tecnologia para a produção de biocombustíveis e o desenvolvimento técnico da produção agrícola.

A ênfase, contudo, foi voltada para a cooperação para a reforma do sistema financeiro. O documento, porém, deixou de fora duas importantes iniciativas de Moscou: um papel menor para o dólar e uma moeda supranacional como reserva de valor .

Ao término do evento, o presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, explicitou a intenção de organizar uma estratégia comum. "Vamos coordenar o nosso trabalho e discutir os parâmetros de uma nova arquitetura financeira", afirmou o chefe de Estado.

Segundo Medvedev, os presidentes dos bancos centrais e os ministros de Finanças, de Energia e de Agricultura dos quatro países farão encontros periódicos para organizar as estratégias comuns. E, em 2010, uma nova cúpula deverá ser realizada no Brasil. "Vamos incumbir os presidentes de bancos centrais e os ministros de Finanças de prepararem ideias e sugestões vitais para elevar a cooperação ao nível mais alto."

Horas antes, em encontro com Medvedev, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração no mesmo tom. "Esta crise exige um pouco mais de ousadia para que discutamos o papel das organizações internacionais e dos Brics."

Lula ainda pediu mais interação e mais reuniões entre Brasil e Rússia. O presidente afirmou, com a aprovação do colega russo, que a crise atual "recupera o papel do Estado".

Encerrado o evento, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, deu mais detalhes sobre a cúpula, que também teve a participação do presidente da China, Hu Jintao, e do primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.

"Os Brics poderão agir de forma conjunta, sobretudo em termos financeiros", ratificou Amorim. "Não significa que em tudo vamos ter posições comuns. Mas em reuniões do G-20, em encontros sobre temas econômicos e financeiros certamente haverá um esforço para continuar e aprofundar o esforço feito hoje."

Analistas afirmam que a semelhança entre os quatro países do Bric praticamente se resume ao robusto crescimento econômico dos últimos anos. Suas posições políticas e prioridades globais diferem muito e diplomatas se perguntam se o fórum poderia impulsionar posições fortes e unidas.

FRAQUEZA

A cúpula dos Brics também confirmou a preocupação crescente dos emergentes em traduzir sua força econômica em influência política, lançando-se como contrapeso às posições dos sete países mais ricos. Amorim afirmou que o presidente Lula manifestou aos colegas preocupação com o suposto esvaziamento do G-20.

Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, discordara de Amorim ao dizer que o "G-8 não morreu", que a cooperação é crescente e "o G-5 será um parceiro integral do G-8". Mas demonstrou sintonia sobre a falta de força dos emergentes entre as maiores economias.

WASHINGTON NÃO PODE MANDAR EM TUDO

Por Michael Hudson

14 jun. 2009

Desafiar os Estados Unidos será o principal foco das reuniões em Yekaterinburgo, na Rússia, na segunda e terça-feira, para o presidente chinês Hu Jintao, o Presidente russo, Dmitry Medvedev e outros líderes das seis nações da Organização de Cooperação Xangai. A aliança inclui Rússia, China, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão, e status de observador para o Irã, Índia, Paquistão e Mongólia.

Os participantes asseguraram a diplomatas americanos que o desmantelamento da hegemonia financeira e militar dos Estados Unidos não é o seu objetivo. Eles simplesmente querem discutir a ajuda mútua - mas de uma forma em que não haja qualquer papel para os Estados Unidos. Ou para o dólar como veículo de trocas comerciais entre estes países.

A reunião é uma oportunidade para a China, Rússia e Índia conseguirem "construir uma ordem mundial cada vez mais multipolar", como Medvedev expressou em um discurso em São Petersburgo este mês. O que ele quis dizer foi o seguinte: chegamos ao nosso limite de subsidiar os Estados Unidos em seu cerco militar da Eurásia, e ao mesmo tempo, permitir que os Estados Unidos continuem a se apropriar de nossas exportações, nossas empresas e imóveis em troca de papel moeda de valor questionável. "O sistema unipolar mantido artificialmente", disse Medvedev, foi baseado em "um grande centro de consumo, financiado por um déficit crescente e cada vez maior endividamento, uma moeda de reserva forte que já não o é mais, e um sistema prevalente de avaliação de ativos e riscos".

Atentos observadores da América, mesmo que eventualmente não sejam gestores eficientes de suas próprias economias, esses países argumentam que a causa da crise financeira global é que os Estados Unidos produzem pouco e gastam muito. Especialmente incômoda é a despesa militar dos Estados Unidos - como a ajuda militar à Geórgia ou a presença nos países petrolíferos do Oriente Médio e da Ásia Central - utilizando dinheiro que cabe aos bancos centrais estrangeiros reciclarem.

O consumo excessivo dos cidadãos americanos, a aquisição de empresas estrangeiras por americanas, e os dólares que o Pentágono gasta no exterior, tudo acaba nos Bancos Centrais. Estes governos enfrentam uma escolha difícil: ou reciclar os dólares de volta para os Estados Unidos comprando títulos do Tesouro ou deixar que o "mercado livre" valorize suas moedas em relação ao dólar - o que torna os preços das suas exportações inaceitáveis nos mercados mundiais, criando desemprego doméstico e falência de empresas. Os mercados no estilo americano os aprisionam em um sistema que os força a aceitar dólares de forma ilimitada. Eles querem dar um basta a isso.

O que significa criar uma alternativa. Em lugar de fazer apenas "mudanças cosméticas, como alguns países e, talvez ate os próprios organismos financeiros internacionais podem querer", Medvedev concluiu no seu discurso em São Petersburgo: "O que precisamos são instituições de um tipo completamente novo, em que não haja o domínio de países ou questões políticas e econômicas especificas."

Para começar, os seis países pretendem implantar o comércio entre eles usando suas próprias moedas, de modo a obter o benefício do crédito mútuo, em vez de dá-lo para os Estados Unidos Nos últimos meses a China assinou acordos bilaterais com Brasil e a Malásia para realizar trocas em renminbi em vez do dólar, libras esterlinas ou euros.

Muitos estrangeiros vêem os Estados Unidos como uma nação sem lei. De que outra forma caracterizar um país que exige um conjunto de leis para os outros - sobre a guerra, pagamento da dívida e tratamento de prisioneiros - mas não os aplica?

Os Estados Unidos são o maior devedor do mundo, e ainda assim tem evitado os inconvenientes de "ajustamentos estruturais" que foram impostos às outras nações endividadas. As reduções nas taxas de juros e na carga tributaria nos Estados Unidos realizadas em meio a déficits comerciais e orçamentários que estão explodindo são vistos como o maximo da hipocrisia, tendo em vista os programas de austeridade que Washington impôs aos outros países através do Fundo Monetário Internacional e outros meios.

Não é nenhum mistério para eles como os Estados Unidos se mantém acima da lei. Os outros países vêem um sistema financeiro baseado em bases militares americanas ao redor do globo. O FMI, Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio e outros delegados de Washington são vistos como vestígios de um império americano que não consegue mais se impor através do poder econômico, e que ficou apenas com o poder militar. Vêem que esta hegemonia não pode continuar sem receitas adequadas e estão buscando acelerar a falência da ordem mundial americana financeiro-militar. Se a China, a Rússia e os seus aliados conseguirem seu objetivo, os Estados Unidos terão de parar de viver às custas da poupança dos outros, e não terão mais os meios para seus ilimitados gastos militares.

Os Estados Unidos pediram para enviar representantes para Yekaterinburgo como observadores. Receberam um não. É uma palavra que os americanos irão ouvir cada vez mais no futuro.

O autor é professor de Economia da Universidade de Missouri

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